A 43ª reunião do Comitê Estadual do Fórum Nacional da Saúde do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) reuniu, no último dia 14 de novembro, representantes do Judiciário, Ministério da Saúde, gestores municipais e estaduais, além de profissionais da área para discutir questões centrais da judicialização da saúde e estratégias de melhoria no atendimento à população sul-mato-grossense.

O encontro foi marcado por debates qualificados, apresentação de dados atualizados e importantes transições na estrutura do Comitê, sob coordenação do desembargador Nélio Stábile.  

Um dos momentos mais significativos da reunião foi a formalização da transição da vice-coordenação do Comitê. Após quase sete anos de atuação, o juiz federal Felipe Potrich se despediu do cargo, sendo reconhecido pelos colegas pela dedicação e contribuição contínua ao fortalecimento do diálogo institucional entre saúde e Judiciário. A função passa a ser exercida pela juíza federal Ana Cláudia Annes, que atua no Núcleo 4.0 de Justiça, unidade especializada no fornecimento de medicamentos.   

A reunião também destacou o prestígio do Comitê Estadual da Saúde de Mato Grosso do Sul, considerado um dos mais avançados do país, graças ao ambiente colaborativo e à busca por soluções efetivas.  O reconhecimento nacional ficou evidente durante a participação da comitiva sul-mato-grossense no 4º Congresso do Fórum Nacional do Judiciário para a Saúde (Fonajus), em Fortaleza, no qual o Estado foi destacado como referência em conciliação e boas práticas na área da saúde.  

Entre os principais temas discutidos, o Natjus apresentou um panorama das atividades recentes: foram emitidas 7.650 notas técnicas em 2024 e 6.625 somente entre janeiro e 12 de novembro de 2025, mostrando o crescimento da demanda e a relevância da atuação técnica para subsidiar decisões judiciais.

Também foi destacado o sucesso do primeiro Mutirão da Saúde, realizado em outubro, que resultou em seis acordos em 13 processos, e os preparativos para o segundo mutirão, marcado para 9 de dezembro, com foco em saúde suplementar.  

Outro ponto de grande relevância foi o aumento de 117% na judicialização de consultas e exames especializados. A equipe técnica explicou as dificuldades enfrentadas na análise desses casos, devido à falta de acesso aos sistemas de regulação e às limitações estruturais que impactam a rede de atendimento, como baixa adesão de prestadores e escassez de determinadas especialidades.

Representantes do Ministério da Saúde e da gestão municipal também fizeram alertas sobre a necessidade de otimizar investimentos e garantir o uso adequado dos equipamentos disponíveis na rede.  

Na sequência, o Comitê debateu modelos assistenciais e a importância da atuação multiprofissional na saúde. O presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 13ª Região (Crefito-13), Renato Nasser, criticou o modelo biomédico tradicional e defendeu a ampliação da perspectiva funcional e interdisciplinar, sugerindo a criação de uma política estadual de saúde funcional — proposta que foi bem recebida e deve integrar futuras iniciativas do Comitê.  

Outras pautas incluíram a inadequação de comunidades terapêuticas para internações psiquiátricas involuntárias, a necessidade de fiscalização pelo CRM e vigilância sanitária, além do aumento de demandas envolvendo Transtorno do Espectro Autista (TEA) e prescrições sem validação científica robusta, assunto que tem levado o Natjus a buscar esclarecimentos junto aos conselhos profissionais. 

TJMS