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terça-feira 9 dezembro 2025
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Amistoso Inclusivo fortalece redes de apoio às pessoas com deficiência

Mais do que promover a inclusão social de pessoas com deficiência, o Amistoso Inclusivo, realizado neste fim de semana na Praça do Belmar Fidalgo, vem se consolidando como um dos principais catalisadores de políticas públicas em Campo Grande. O evento também se destaca por fortalecer redes de apoio e ampliar a troca de experiências entre pessoas com deficiência.

Em sua terceira edição, o Amistoso reuniu mais de 60 atletas, 20 amputados, representando a Associação Pantanal Esporte Clube (APEC-MS), e 42 surdos, integrantes da Associação Campo Grande dos Surdos (ACGS) e da Associação Pantanal dos Surdos de MS (APSMS). A iniciativa, promovida pela Prefeitura Municipal de Campo Grande, por meio da Secretaria de Assistência Social e Cidadania (SAS) e com apoio da Fundação Municipal de Esportes (Funesp), integrou o calendário municipal em alusão ao Dia Internacional de Luta das Pessoas com Deficiência.

“Ao longo deste ano, a SDHU reforçou seu compromisso com a inclusão por meio de ações de conscientização e acessibilidade. O Amistoso Inclusivo simboliza esse esforço contínuo, pois é um espaço de esporte, participação social e valorização das diferenças. Seguimos trabalhando para que Campo Grande avance cada vez mais em políticas públicas que garantam igualdade de oportunidades e respeito à diversidade”, destacou a superintendente de Política de Direitos Humanos, Priscilla Justi. Ela ainda lembrou duas ações de destaque realizadas em 2024: a campanha “Essa vaga não é sua nem por um segundo”, de repercussão nacional, e o espelhamento de RG no ISMAC, que sensibilizou servidores sobre barreiras enfrentadas por pessoas com deficiência.

A força do evento esteve nas histórias de vida dos participantes e na paixão pelo esporte, que para muitos marcou um ponto de virada, abrindo novas perspectivas emocionais e sociais.

A aposentada Lígia Newmann dos Santos, que prestigiou o Amistoso pela primeira vez, começou a praticar futebol há um ano, incentivada por amigos que a ajudaram a superar um período de depressão decorrente da surdez. Por meio de intérprete de Libras, ela contou que o esporte ampliou seu círculo de amizades e reforçou sua saúde física e emocional.

“É muito importante essa inclusão. Faz bem para a saúde, há interação, conversa, bate-papo. É importante porque as pessoas não ficam com a cabeça ‘dentro de um quadrado’, pensando: ‘o que eu faço da vida?’”, relatou Lígia, que acredita em uma sociedade mais inclusiva e sem barreiras de comunicação.

O experiente Joel Faustino, atleta e chefe do Núcleo dos Direitos da Pessoa com Deficiência da SDHU, também encontrou no esporte uma nova razão para viver. Ele perdeu a perna esquerda aos 32 anos, após um atropelamento, e passou um ano acreditando que seus propósitos tinham chegado ao fim, até descobrir o futebol para amputados.

“Hoje eu ando e faço as coisas como se tivesse as duas pernas”, afirmou. Joel é idealizador do Projeto Amigos do Joel, que completa 14 anos, e o único técnico em Campo Grande a dar aulas para crianças sem deficiência. “A pessoa com deficiência é capaz de vencer todos os obstáculos. Pode jogar bola, pode fazer o que quiser. Essa história pode ser a de outros também; nós somos capazes de vencer todos os dias”, completou. Ele já conquistou diversos títulos nacionais após ressignificar sua própria trajetória por meio do esporte.

Além de incentivar a prática esportiva como ferramenta de reinserção social, o projeto também oferece suporte emocional aos amputados durante todo o processo até a adaptação à prótese.

Resiliência

O evento também deu visibilidade à Associação Pantanal Esporte Clube (APEC-MS), responsável pelo único time de futebol para amputados do Estado. Para o amistoso no Belmar Fidalgo, a equipe se dividiu em dois times de 12 jogadores, além dos goleiros.

O vice-presidente da entidade, Roney Vásquez, conheceu o esporte há seis anos, ainda em recuperação no hospital, após perder a perna esquerda em um acidente de trânsito.

“Conheci pessoas que estavam na mesma situação que a minha, que também passaram por um trauma. O futebol é maravilhoso na vida de quem vive isso, pois mostra que não é porque a pessoa perdeu um membro que sua vida acabou. Não podemos deixar para depois o que podemos fazer hoje para superar nossas dificuldades”, afirmou Roney.

Após as partidas, todos os atletas receberam medalhas e troféus, reforçando o reconhecimento pelo empenho em divulgar o esporte à população. Os campeões foram os times da ACGS e o time A da APEC-MS. “Esse Amistoso é para propagar nossa mensagem de superação a toda a comunidade”, destacou Joel.

Quem quiser conhecer ou divulgar o trabalho da APEC-MS pode acompanhar os treinos, realizados todas as segundas e sextas-feiras, a partir das 19h30, na Rua Nova Era, 230, Itanhangá Parque.



PMCG

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